Olhar de Menina
As meias-estrelas desenhadas na areia denunciam gaivotas em terra. E lá estão elas; mais à frente, a planarem na praia, quase a rasarem o mar.
A luz dourada do fim de tarde banha a paisagem de Outono, onde uma criança, sentada junto ao mar, olha absorta o horizonte. Olhos transparentes, cabelo escorrido pelos ombros, oito anos de sonhos, a menina mira a linha onde acaba o mar. Em silêncio, suspira o cheiro a maresia e deixa a areia passar-lhe pelos dedos, como se uma ampulheta fizesse contagem decrescente para coisa nenhuma.
Sento-me ao seu lado; tento ver para lá da linha do horizonte; tento perceber o que ela procura para lá do mar. Nada! – só o silêncio das gaivotas preenche o ar. “Em que pensas? O que procuras? Que esperas encontrar?”
A criança olha-me nos olhos, o rosto banhado pelo sol morno de Outono, as mãos inquietas que insistem em procurar mais areia para o tempo não acabar.
Pensa na vida. Não nos oito anos que passaram, mas nos muitos que estão por vir. Quer sonhar! Sonha com viagens pelo mundo, com o barco que a há-de levar para lá da linha do horizonte. Quer fazer projectos. Quer encontrar o sentido da vida, fazer perguntas, encontrar respostas.
Ali sentada, banhada pela luz de Outono, a menina parece maior, mais adulta, talvez até com algumas rugas que lhe contornam os olhos. Rugas de quem já riu, mas de quem agora só procura respostas. A idade dos porquês!
De novo, vidrada no futuro, a menina respira o silêncio da praia – quer partir, quer viajar, quer crescer, quer sonhar, quer encontrar respostas, quer definir objectivos. E acredita! Acredita que vai conseguir, que vai encontrar, que vai descobrir. Vai ser bailarina, escritora, advogada, professora – não importa. Pode ser o que quiser.
Aqueles olhos transparentes miram as gaivotas e diz: “eu também vou voar!”
Sinto-me a mais. Ali sentada na praia estou a povoar uma paisagem onde não pertenço. Levanto-me, enterro os pés na areia e caminho dali, procuro uma saída daquele sonho que não me pertence. Detenho-me e olho-a uma última vez.
Lá está a menina, sentada na praia, olhos transparentes, cabelos pelos ombros, pensamento na linha do horizonte. Lá fica ela, a sonhar.
A luz dourada do fim de tarde banha a paisagem de Outono, onde uma criança, sentada junto ao mar, olha absorta o horizonte. Olhos transparentes, cabelo escorrido pelos ombros, oito anos de sonhos, a menina mira a linha onde acaba o mar. Em silêncio, suspira o cheiro a maresia e deixa a areia passar-lhe pelos dedos, como se uma ampulheta fizesse contagem decrescente para coisa nenhuma.
Sento-me ao seu lado; tento ver para lá da linha do horizonte; tento perceber o que ela procura para lá do mar. Nada! – só o silêncio das gaivotas preenche o ar. “Em que pensas? O que procuras? Que esperas encontrar?”
A criança olha-me nos olhos, o rosto banhado pelo sol morno de Outono, as mãos inquietas que insistem em procurar mais areia para o tempo não acabar.
Pensa na vida. Não nos oito anos que passaram, mas nos muitos que estão por vir. Quer sonhar! Sonha com viagens pelo mundo, com o barco que a há-de levar para lá da linha do horizonte. Quer fazer projectos. Quer encontrar o sentido da vida, fazer perguntas, encontrar respostas.
Ali sentada, banhada pela luz de Outono, a menina parece maior, mais adulta, talvez até com algumas rugas que lhe contornam os olhos. Rugas de quem já riu, mas de quem agora só procura respostas. A idade dos porquês!
De novo, vidrada no futuro, a menina respira o silêncio da praia – quer partir, quer viajar, quer crescer, quer sonhar, quer encontrar respostas, quer definir objectivos. E acredita! Acredita que vai conseguir, que vai encontrar, que vai descobrir. Vai ser bailarina, escritora, advogada, professora – não importa. Pode ser o que quiser.
Aqueles olhos transparentes miram as gaivotas e diz: “eu também vou voar!”
Sinto-me a mais. Ali sentada na praia estou a povoar uma paisagem onde não pertenço. Levanto-me, enterro os pés na areia e caminho dali, procuro uma saída daquele sonho que não me pertence. Detenho-me e olho-a uma última vez.
Lá está a menina, sentada na praia, olhos transparentes, cabelos pelos ombros, pensamento na linha do horizonte. Lá fica ela, a sonhar.
4 Comments:
Gostei muito, Patrícia.
Tive a impressão de estar a ler uma página de um livro por vir...
Até que enfim, Francisco!
Enquanto Moloi escreve, a Patrícia escreve bem e tem o dever moral de estar preparando um livro. Por que será que o Wird a levou para as altas Covilhãs?
Talvez por uma causa Moloi, mas ainda não descobri porquê.
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