O Mundo é Público
Demorei algum tempo a digerir o novo Público.
O Homem é um bicho de hábitos. E se o hábito nos prende agora ao grafismo que nos acompanhou debaixo do braço ao longo dos últimos tempos, o hábito também se há-de encarregar de nos acostumar à nova imagem. É verdade que não consigo encontrar tão facilmente o que procuro, que já não basta virar o jornal para ler o Calvin, que o texto é mais denso, há menos fotografias (ou pelos menos, assim parece), menos espaço de respiro.
Mas o que mais me incomoda neste novo Público é anunciar o recurso à "falta de recursos". Promete o acesso de todos às páginas do jornal e faz a apologia de "um repórter em cada cidadão".
Não considero o jornalismo uma actividade restrita a uma elite iluminada. Não acho que seja um diploma superior na área que confira a qualquer pessoa a lucidez e indepência necessárias ao exercício da profissão, mas anunciar o cidadão repórter como uma mais-valia da informação está longe da minha perspectiva.
A diferença entre um qualquer anónimo com telemóvel 3G e um jornalista de papel e caneta na mão é que o segundo tem critérios.
De facto, "o mundo é Público"... o jornalismo é que não!
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