Noite Escura*
Quando as luzes se apagam e as estrelas se acendem, há um silêncio que se aproxima em surdina. Não se ouvem os gatos, nos seus longos miados de amor, não se ouvem os cães, que evocam os deuses da lua. Ouve-se apenas o vento, que murmura, por entre os ramos, doces poemas de amor.
Neste caminhar apressado, enquanto fujo do vento, não lhe escuto a ladainha, não o ouço soluçar. Está sozinho na noite escura. Bem procura companhia, entre a calçada deserta e o tecto escuro do ar.
Mas nada! Encontra apenas o murmúrio, num lento e triste ecoar. A lua está redonda, cheia, pronta a rebentar. Igual a um balão de prata, que paira sozinho no ar.
Também ela está sozinha. Também ela lê a noite, escuta o vazio, procura às vezes companhia. Encontra apenas o silêncio da escuridão, de uma noite sofrida, do frio que a há-de gelar.
(*) Que me desculpe o João Canijo, mas não me lembrei de nada melhor.
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