domingo, abril 30, 2006
Sempre conheci a minha avó velhinha; sempre a conheci numa casa de pedras amontoadas, na aldeia onde nasceu e morreu.
Todos os anos, a 30 de Abril, subia ao monte que lhe servia de paisagem da janela e apanhava um ramo de "Maias". Depois espalhava as giestas floridas pela fachada da casa. No portão, na porta, nas janelas.
- É para afastar o rabudo; para o Diabo não entrar pela fechadura.
As razões que levam alguém de 83 anos a enfeitar a casa com giestas floridas ainda são uma incógnita para mim. Mas neste dia, a aldeia fica bem mais bonita e perfumada. Casa após casa, as pessoas querem afastar o Diabo... quem quer que ele seja!
sábado, abril 29, 2006
Terminus
"Em cada milímetro deste chão está o último instante da minha vida. Posso contemplá-lo a perder a vista. É o motivo porque me transportam sempre de noite. Preservam-me. Não me incomoda. Agora mesmo é de noite e há bastante disso. É de noite sempre que não me encontro quieto. Deixei de estar com o medo porque ele me desertou. Transformou-se num território exterior. Enorme falta de solidariedade: Não tenho onde me agarrar, o que pode ser fatal. O chão, a estrada, a savana, o país: o medo é um mapa e a obrigação dele. Não sei quantos dias tem de largura. Estamos a atravessá-lo e é de noite. Atravessar a noite é tudo o que tenho."
in: Baía dos Tigres, de Pedro Rosa Mendes
in: Baía dos Tigres, de Pedro Rosa Mendes
sexta-feira, abril 28, 2006
quarta-feira, abril 26, 2006
Provérbio
"De bons discursos está o inferno cheio."
José Adelino Maltês, sobre o discurso de Cavaco Silva no 25 de Abril.
in: SIC Notícias
domingo, abril 23, 2006
O jardim da mãe
Pertencem à família Orchidacea, são plantas monocotiledóneas, com nervação paralelinérvia e as flores típicas da orquídea são formadas por três sépalas e três pétalas. Uma dessas pétalas, o labelo, é na maioria das vezes maior e mais vistosa. A partir do centro da flor surge o ginostênio, um órgão carnudo e claviforme que contém o órgão masculino (estames) e o feminino (carpelos). A orquídea é uma flor hermafrodita.
Existem 35 mil espécies de orquídeas. A mãe ainda só tem 23.
Mais orquídeas a todos os INSTANTES
Existem 35 mil espécies de orquídeas. A mãe ainda só tem 23.
sábado, abril 22, 2006
quarta-feira, abril 19, 2006
Ei-los que Partem
Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutra paragens
noutra aragens
entre os povos
ei-los que partem
velhos e novos
Ei-los que partem
de olhos molhados
coração triste
e a saca às costas
esperança em riste
sonhos dourados
ei-los que partem
de olhos molhados
Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá longe
onde o suor
se fez pão
virão um dia
ou não
Canção da autoria de Manuel Freire
terça-feira, abril 18, 2006
Raízes
Agora já não há nada a fazer. As raízes arrancadas foram expostas à determinação estéril de uma longa jornada ao sol. Quem passa pergunta-se o porquê deste cenário. As vísceras assim à mostra, a esperança esventrada, o corpo caído, inanimado.
Não é a fé que a move. Não há religião que a faça levantar. Tudo o que a envolve é um deserto de ideias, de vontades, de sentimentos.
Eis quando, entre a terra seca e o cenário de desânimo, surge um pequeno milagre. Uma esperança que se ergue e se impõe...
Em todos os INSTANTES há mais raízes.
domingo, abril 16, 2006
Em vias de extinção
"La gente se pregunta a menudo sobre el papel que desempeñan los periodistas. No obstante, los periodistas están en vías de extinción. El sistema ya no quiere más periodistas. En este momento, puede funcionar sin ellos o, digamos, con periodistas reducidos a meros obreros de una cadena de montaje, como Charlot en la película Tiempos Modernos, es decir, meros trabajadores que hacen retoques en los partes de los funcionarios."
Ignacio Ramonet
sábado, abril 15, 2006
sexta-feira, abril 14, 2006
A sesta
Tunísia, Abril'2003
O sol de África tem este efeito. A meio do dia, quando a terra engole as sombras, uma estranha dormência afecta quem se expõe à estrela que ilumina o dia.
Sentem-se as extremidades dos raios tocar o corpo, acariciar a pele. Ouve-se a eterna melodia da piscina. Água a cair, crianças a brincar, mergulhos no azul profundo. E fica-se ali, ao sol. Simplesmente fica-se.
(...e já falta pouco para ficar)
quinta-feira, abril 13, 2006
quarta-feira, abril 12, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
Parking # 2
Ainda o concerto de sábado, no parque de estacionamento da Casa da Música.
excerto de Formula, in: Encounters, dos Sofa Surfers
domingo, abril 09, 2006
sexta-feira, abril 07, 2006
"Sì, Silvio, siamo tanti, noi Coglioni !"
Silvio Berlusconi chamou aos eleitores de centro-esquerda coglioni (calão italiano para a palavra testículos). Os italianos reagem...
quinta-feira, abril 06, 2006
Eremita
Recolheu-se à caverna onde decidiu ficar. Lá fora, só as estrelas do céu lhe iluminavam o caminho. A vida estava mergulhada no breu da noite.
Entre o céu e a terra há apenas um enorme vazio, um enorme espaço para reflectir, para encontrar um caminho. Pode chamar-lhe penitência, embora não seja a fé que o move. Mas ali, no eremitário, a razão é secundária porque tudo se rege pelas leis do destino.
Escolheu aquele pedaço de terra para se encontrar. Encontrou um pedaço de si, mas faltava o resto.
Apesar de achar que não mereço tal honra, obrigada Moloi.
quarta-feira, abril 05, 2006
Pelo menos está à beira-mar..
"Fecho os olhos e penso com toda a minha força na minha nova condição, ainda que não esteja certo do que significa. Desterrado numa terra desconhecida, como um explorador solitário sem bússula nem mapa."
in: Kafka à Beira-Mar, de Haruki Murakami
in: Kafka à Beira-Mar, de Haruki Murakami
domingo, abril 02, 2006
Vigia
Torre de Vigia da Rosa Negra
Covilhã, Abril'2006
Quem sobe, em direcção ao céu, há-de encontrar pelo caminho uma torre de vigia. Lá dentro, a alma da solidão espreita todo o dia e toda a noite, à espera de quem passa. Os olhos arregalados, sempre a mirar o infinito, procuram sinais de presença. Ao cimo das escadas em caracol estão os braços estendidos para a natureza. Espraiam-se pelo azul do cenário e chegam até à linha do horizonte...
Covilhã, Abril'2006
Quem sobe, em direcção ao céu, há-de encontrar pelo caminho uma torre de vigia. Lá dentro, a alma da solidão espreita todo o dia e toda a noite, à espera de quem passa. Os olhos arregalados, sempre a mirar o infinito, procuram sinais de presença. Ao cimo das escadas em caracol estão os braços estendidos para a natureza. Espraiam-se pelo azul do cenário e chegam até à linha do horizonte...